A amamentação é a maneira
natural, e normal, de alimentar infantes e jovens crianças. Da mesma forma, o
leite humano é o leite especialmente produzido para os infantes humanos,
Começar a amamentar do modo correto ajuda a garantir que a amamentação seja uma
experiência prazerosa para você e seu bebê. Esta prática deveria ser fácil e
livre de problemas para a grande maioria das mães.
A grande maioria das mães é
perfeitamente capaz de amamentar exclusivamente seus bebês até 6 meses. De
fato, algumas são até capazes de produzir além do que é necessário.
Infelizmente, ainda há instituições hospitalares com protocolos e rotinas
fundamentadas na utilização de mamadeiras, o que dificulta a amamentação e pode
até mesmo torná-la impossível para muitos binômios mãe-filho. É muito frequente
também que estas mães se culpem. Para a amamentação correr bem, se estabelecer
adequadamente, ter um bom começo desde os primeiros dias pode fazer toda
diferença no mundo. Claro que com um começo “terrível”, muitas mães e bebês
conseguem se sair bem. E SIM, muitas mães apenas colocam o bebê no peito e tudo
funciona bem.
A base da amamentação é fazer com
que o bebê realize uma boa pega. O bebê que faz uma boa pega consegue sugar bem
o leite disponível para ele. Um bebê que não pega a mama corretamente tem
dificuldade para sugar o leite, especialmente se a quantidade não for
abundante. O aporte de leite não é abundante nos primeiros dias após o parto. É
normal, natural, mas se a pega do bebê não é boa, ele terá dificuldade para
extrair o leite. É por este motivo que muitas mães “não” têm muito colostro. As
mães geralmente têm leite suficiente, mas o bebê não consegue sugá-lo. Os bebês
não precisam de muito leite nos primeiros dias, mas precisam de algum.
Mesmo se a produção de leite é
abundante, amamentar um bebê com uma pega ruim é o mesmo que dar ao bebê uma
mamadeira com um furo bem pequeno no bico – a mamadeira pode estar cheia de
leite, mas o bebê não consegue sugar muito ou suga muito lentamente – e então o
bebê sugando com pega errada pode ficar um longo período no peito, querer mamar
com mais frequência e pode ainda mostrar que não está feliz enquanto mama,
fatos estes que convencem a mãe de que ela não tem leite suficiente – E não é
verdade!
Quando o bebê não pega a aréola
corretamente a mãe pode sentir dor nos mamilos. E se, ao mesmo tempo, ele não
consegue sugar bem, ele vai permanecer sugando por um longo período, agravando
a dor. Constantemente as mães escutam dizer que a pega está perfeita, mas é
fácil dizer que está tudo bem, mesmo quando não está! As mães recebem mensagens
confusas e contraditórias provenientes de livros, revistas, sites, família e
profissionais de saúde. Muitos profissionais tiveram muito pouco treinamento
sobre como prevenir e tratar os problemas da amamentação.
Veja alguns caminhos que pode tornar a amamentação mais fácil:
Veja alguns caminhos que pode tornar a amamentação mais fácil:
- O bebê deve ser colocado pele a pele com a mãe
e ter acesso ás mamas imediatamente após o nascimento. A grande maioria dos bebês podem ser postos pele a pele com a mãe
e ter acesso às mamas nos primeiros minutos após o nascimento. Na verdade,
pesquisas mostram que, dada a chance, muitos bebês engatinham sozinhos até
a mama materna através de seu abdome, nos primeiros minutos de vida. Este
processo pode levar apenas alguns minutos, uma hora ou mais, mas a mãe e o
bebê devem receber este benefício (pelo menos na primeira hora ou duas)
para começarem a conhecer um ao outro. Bebês que realizam a pega sozinhos
têm menos problemas com a prática da amamentação. Este ato não exige
nenhum esforço por parte da mãe e a desculpa de que a mãe está cansada
depois do trabalho de parto não faz sentido, puro e simplesmente.
- O bebê deve ser posto em contato pele a pele com a mãe imediatamente após o nascimento e sempre que possível nas primeiras semanas de vida. Incidentalmente, estudos têm mostrado que o contato pele a pele entre mães e bebês mantém o bebê tão aquecido quando se ele estivesse em uma incubadora. É verdade que alguns bebês não conseguem mamar neste período, mas geralmente isto não é um problema e não há risco algum ao esperar para que o bebê esteja pronto para iniciar a amamentação. O contato pele a pele é bom e muito importante para o bebê e a mamãe, mesmo se o bebê não sugar.
- Contato pele a pele ajuda o
bebê a se adaptar ao novo ambiente. A respiração e os batimentos cardíacos são
mais estáveis, há mais oxigênio no sangue, a temperatura se estabiliza, assim
como a taxa de açúcar no sangue. Além disso, há boas evidências de que quanto
mais os bebês são colocados pele a pele nos primeiros dias (não apenas durante
a amamentação) melhor será seu desenvolvimento cerebral, o qual tem atividade
mais relevante entre a 3ª e 8ª semana de vida.
- A pega correta é crucial para o
sucesso. Esta é a
chave para a amamentação bem sucedida.
Infelizmente, muitas mamães estão sendo ajudadas por pessoas que não sabem o que é uma pega
adequada. Se lhe disserem que seu bebê de dois dias realiza uma boa pega embora
você tenha mamilos rachados e fissurados, seja cética e peça ajuda a mais
alguém. Antes de deixar o hospital você deve aprender a orientar a pega e
avaliar se o bebê está conseguindo sugar leite suficiente (no padrão boca bem
aberta- pausa do queixo- fecha boca). Se você e seu bebê estão tendo alta da
maternidade sem este conhecimento, procure ajuda e alguém com experiência o
mais rápido possível.
Nota: Dizem às mamães que se a amamentação é dolorosa, a
pega não está correta (geralmente é verdade) e assim a mãe deve interromper a
mamada e redirecionar a pega quantas vezes forem necessárias. Esta não é uma
boa idéia. Em de fazer isso, é melhor arrumar a pega que parece incorreta. A
cabeça do bebê deve estar virada para trás e o nariz permanece livre para a boa
respiração. Se necessário você pode tentar puxar o queixo para baixo,
delicadamente, para que ele abocanhe mais da aréola. Se isto não funcionar, não
tire o bebê do peito e recoloque-o várias vezes, porque a dor inicial vai
diminuir em pouco tempo. A pega deve ser reparada quando o bebê mamar o outro
peito ou na próxima mamada. Interrompendo
a amamentação para reorientá-la repetidas vezes apenas potencializa a dor e a
frustração da mãe e do bebê.
- Mãe e bebê em alojamento conjunto. Não há, absolutamente, razões médicas para que mãe e filho sejam separados, mesmo por um curto período de tempo, ainda que o nascimento tenha ocorrido por cesariana. Instituições que possuem rotinas de separação de mães e bebês após o nascimento não estão agindo corretamente. Estudos mostram que o alojamento conjunto 24 horas por dia resulta em melhor prática de amamentação, menos bebês e mamães frustrados, mamães mais felizes. Frequentemente escutamos algumas desculpas irrelevantes para fazer esta separação. Um exemplo é o bebê que elimina mecônio antes de nascer – o bebê que de fato o faz, e fica bem alguns minutos após o nascimento, não precisa ficar na incubadora por diversas horas em “observação”.
- Separação de mãe e bebê – para que
a mãe possa descansar. Não há evidências de que mães que ficam longe de seus
bebês conseguem descansar mais. O contrário, mães que permanecem com seus bebês
são mais descansadas, menos estressadas, mais dispostas. A díade mãe-filho
aprende a dormir no mesmo ritmo. Assim, quando o bebê começa a despertar para
mamar, a mãe também começa a acordar naturalmente. Não é tão cansativo para a
mãe quanto ser acordada de um sono profundo. Se a mãe aprende a amamentar o
bebê enquanto estão deitados lado a lado, a mãe descansará ainda mais.
- Sinais do bebê – o bebê dá sinais de que quer
mamar muito antes de chorar. A respiração pode mudar, por exemplo. Ou ele co
meça a se esticar. A mãe, sempre com o sono leve, em sincronia com o seu bebê,
vai acordar, o leite vai começar a fluir e o bebê calmo vai ao peito
satisfeito. Um bebê que esteve clamando por algum tempo antes de ser posto ao
peito pode se recusar a mamar, mesmo se estiver faminto. Mães e bebês devem ser
incentivados a dormir lado a lado no hospital. É uma ótima maneira de descansar
enquanto o bebê mama. A amamentação deve ser relaxante e não cansativa.
- Primeiro banho – não há porque dar banho no
bebê imediatamente após o nascimento e é possível esperar por várias horas.
Após o parto o bebê pode ser enxuto, mas não é uma boa idéia retirar o vérnix
do corpo do bebê, uma vez que ele protege a sua pele fina e delicada. Seria
melhor esperar até que mãe e bebê conseguissem iniciar bem a amamentação, com o
bebê indo ao peito e realizando facilmente a pega. Além disso, as fraldas do
bebê não devem ser trocadas antes das mamadas, visto que pode chateá-lo. A
informação que as mamães possuem é que trocar as fraldas antes das mamadas vai
ajudar a acordá-lo. Não há necessidade de acordar os bebês para mamar. Se o
bebê está pele a pele com a mãe ele vai acordar quando estiver pronto e
procurar pelas mamas. Um bebê que mama bem vai dar sinais quanto estiver pronto
para a próxima mamada. Amamentar considerando o relógio não faz sentido.
- Bicos artificiais não devem ser oferecidos ao
bebê. Parece haver controvérsias acerca da real
existência da confusão de bicos. Assim, nos primeiros dias, quando a mãe
está normalmente produzindo apenas um pouco de leite (como quer a
natureza) e o bebê recebe uma mamadeira (como quer a natureza??) ele tende
a preferir o método que tem o fluxo mais rápido. Bebês gostam de fluxo
rápido. Você não precisa ser nenhum cientista para perceber isto e o bebê
percebe rapidamente. Por
acaso, não é o bebê que está confuso. A
confusão de bicos inclui uma série de problemas, incluindo o bebê não
querer mais mamar ao peito ou não mamar corretamente, o que pode acarretar
lesões nos mamilos maternos. Só porque o bebê utiliza os dois, não
significa que a mamadeira não produzirá efeitos negativos. Uma vez que
agora há alternativas disponíveis, se o bebê precisar de complemento,
porque utilizar bicos? Utilizar o alimentador auxiliar (Lact-aid), o dedo
ou o copinho, é melhor do que a mamadeira.
- Sem limitações da freqüência e duração das
mamadas – o bebê que mama bem geralmente não
requisitará o peito com tanta freqüência. Assim, se o bebê mama por um
longo período é muito provável que ele está fazendo uma pega inadequada e
não está conseguindo sugar o leite disponível. Solicite ajuda para
reorientar a pega e use as compressões mamárias para aumentar o fluxo de
leite. A compressão funciona bem nos primeiros dias para ajudar o colostro
a fluir. Isto sim ajuda, não a chupeta, não a mamadeira, não deixando o bebê no berçário. Os bebês geralmente mamam mais nos
primeiros dias de vida,o que é normal e temporário. De fato, bebês tendem
a mamar ainda mais durante a noite. Isto é normal e ajuda a estabelecer o
aporte de leite, além de facilitar a involução uterina. Uma boa pega,
usando as compressões e mantendo contato pele a pele facilita este período
transicional.
- Complementação com água, soro glicosado ou
fórmula raramente são necessários. A
maioria dos complementos poderia ser evitada através da promoção da boa
pega, uma vez que o bebê facilmente extrai o leite. Se alguém disser a você
que é necessário complementar a amamentação, peça ajuda para alguém mais
experiente. Há raras indicações para complementar, mas comum que esta seja
uma sugestão por “conveniência” ou por protocolos hospitalares. Se o
complemento é, de fato, necessário, este pode ser oferecido por
alimentador auxiliar (Lact-aid), não por copo, dedo, seringa ou mamadeira.
O melhor complemento é o seu próprio colostro, que pode ser misturado a
soro glicosado a 5% para dar mais volume se você não consegue ordenhar uma
boa quantidade no início. É difícil ordenhar o bastante no início porque
embora geralmente o leite seja suficiente para o bebê, a expressão manual
nem sempre é fácil quando não há muito leite, como é esperado para os
primeiros dias. Quase nunca é necessário utilizar fórmulas.
- Amostra grátis de fórmulas – há apenas um objetivo para estes “presentes” – fazer você utilizá-los. É um marketing muito eficaz e antiético. Se você receber alguma amostra de algum profissional de saúde, você deve questionar seu conhecimento e comprometimento com o aleitamento materno. “Mas eu preciso da fórmula porque eu tenho pouco leite”. Talvez, mas provavelmente você não tem recebido ajuda suficiente e o bebê simplesmente não consegue sugar o leite disponível nas mamas. Mesmo que você precise da fórmula, ninguém deve sugerir uma marca em especial ou lhe oferecer amostra grátis. Procure uma boa ajuda. Amostras de fórmulas não ajudam em nada.
Em algumas circunstâncias pode
ser impossível iniciar a amamentação tão cedo. Entretanto, a maioria das
argumentações médicas (medicações utilizadas pela mãe, por exemplo) não é
justificativa para interromper o aleitamento materno ou mesmo atrasá-lo e , se
você isto estiver acontecendo você está sendo mal informada. Procure ajuda
especializada. Bebês prematuros podem começar a mamar muito mais cedo do que 34
semanas, como já vem sendo praticado por alguns hospitais. Está bem definido
pelos estudos que é menos estressante para o bebê prematuro mamar ao peito do
que na mamadeira. Infelizmente, muitos profissionais de saúde atuantes neste
cenário não estão conscientes disto.
Não pega/Não mama? Se, por alguma razão, o bebê
ainda não mama, comece a ordenhar o colostro manualmente (por vezes é mais
eficiente do que as ordenhadeiras elétricas dos hospitais) até seis horas após
o nascimento, ou assim que perceber que o bebê não mamará no peito.
Dúvidas? Entre em contato com a Amiga Materna.
Fonte:
Extraído do site IBC - International Breastfeeding Centre - www.nbci.ca
Escrito e Revisado por Jack Newman MD, FRCPC, IBCLC e Edith Kenerman IBCLC (2008-2009)
Tradução: Grasielly Mariano
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