É comum ouvirmos "o bebê
não quis o peito" e estatisticamente falando, esta é uma das grandes
causas de insucesso na amamentação, levando ao uso de fórmulas
artificiais. Mas antes de saber a real
causa é importante saber que a amamentação culturalmente é rodeada de tabus e maus
conselhos. Compreender o processo psicofisiológico da amamentação requer muitas vezes que a mulher encare
destrua alguns paradigmas internos e muitas vezes nem sempre é fácil. A questão
da "recusa" do peito não é tão simples. Alguns fatores potenciais
justificam e determina a dificuldade em amamentar (que por sua vez, em específico,
os que antecedem a recusa do bebê ao peito):
- Falta de conhecimento sobre amamentação: na fase do pós parto, a dificuldade para compreender o processo como um todo, mesmo quando informada no pré-natal. A maior parte das dificuldades em amamentar decorre do enorme problema que toda mãe tem em adaptar-se às necessidades de um novo bebê.
- Características
anatômica: Esta é considerada uma das maiores dificuldades encontradas
pela mulher para amamentar. Essa situação tem início, muitas vezes, mesmo antes
do nascimento do bebê. Algumas mulheres com mamilos planos ou invertidos têm
extrema dificuldade para amamentar, enquanto outras, em situação semelhante,
conseguem uma adaptação rápida com o seu bebê. O apoio e a intervenção
adequados nos primeiros dias, quando a lactação está se estabelecendo,
facilitam a pega do bebê ao seio materno. Cada dupla mãe/bebê deve ser avaliada
cuidadosamente, e as opções devem ser oferecidas na medida de suas
necessidades.
Fadiga materna: Muitas
vezes, a mulher demonstra estar extremamente cansada nos primeiros dias ou
semanas do puerpério. O exercício da maternidade, em especial no que tange à
amamentação, pode revelar-se um fardo em conseqüência dos múltiplos papéis
desempenhados pela mãe, podendo sobrecarregá-la e gerar conflitos. A mulher merece cuidados especiais nessa fase, tanto da família quanto da equipe de
saúde. Cabe aos profissionais que a assistem alertá-la que o repouso adequado é
importante para que a amamentação e os cuidados com o bebê não se tornem uma
tarefa penosa. A colaboração da família é muito importante e deve ser
valorizada.
Alterações no padrão
de sucção do recém-nascido: Recém nascidos saudáveis e a
termo, ocasionalmente, apresentam movimentos orais atípicos (disfunções orais)
durante a mamada. Estes podem ser decorrentes de alterações transitórias do
funcionamento oral ou de características individuais que dificultem o encaixe
adequado da boca do bebê à mama da mãe. Embora as disfunções orais possam ser
revertidas precocemente, as ações entre mãe e bebê nas primeiras mamadas
rapidamente se tornam hábitos difíceis de mudar. As disfunções orais podem ser
identificadas precocemente mediante avaliação oral do recém nascido e
observação minuciosa das mamadas. A avaliação das mamadas deve fazer parte da rotina
de atendimento dos profissionais especializados. Aspectos como a interação
mãe/filho, bem como o comportamento do bebê, devem ser incluídos tanto na
observação quanto na atuação, devido a sua relação com a amamentação.
É
importante esclarecer à mãe que esse comportamento do bebê não significa uma
recusa ao seu peito ou ao seu leite e, sim, uma inabilidade transitória.
A avaliação da recusa da mama deve levar em conta todos os fatores supracitados, entre outros. Um profissional, seja de um Banco de Leite Humano ou um Consultor em Amamentação, pode ajudar acompanhando a situação individualmente. É importante que o profissional seja altamente capacitado para poder auxiliar com segurança, pois caso contrário, uma má informação pode comprometer a amamentação.
Dicas para o bebê aceitar o
peito da mãe:
- Mantenha seu filho o máximo de
tempo em seu colo, seu bebê precisa muito de calor, de carinho, o aconchego além
de facilitar a simbiose entre mãe e filho, pode facilitar o vínculo na
amamentação;
- Acalme seu bebê antes de
oferecer a mama, pode por exemplo, oferecer o dedo para ele sugar (dedo mínimo,
unha virada para baixo e polpa virada para o céu da boca);
- Extraia um pouco de leite e
ofereça ao bebê, antes de ir ao peito. Já alimentado, será mais fácil a
aceitação;
-Aprenda a extrair o seu leite, se caso ainda tenha apenas o colostro (antes da descida do leite), não se preocupe, nos primeiros dias o bebê não necessita de uma quantidade grande de leite, visto que seu estômago é do tamanho de uma azeitona e armazena em torno de 5 a 10ml de leite (que são absorvidos rapidamente e por isso alimenta-se com frequência). Além disso, o bebê tem uma reserva natural de calorias e pode ficar ainda algum tempo sem se alimentar. Veja o vídeo abaixo:
- Posição e pega correta do
mamilo, são essenciais para uma boa aceitação. Se o bebê estiver somente
pegando o bico, não sairá leite, e se não for corrigido, ele pode associar o
peito a fome e recusá-lo;
- Posicione seu bebê em cima de você, sob seu peito, ele vai instintivamente procurar seu seio, veja:
- Não o deixe chorar de fome
para oferecer o peito. Isso só vai deixar o bebê mais irritado ainda;
- Evite chupetas e mamadeira,
podem comprometer a amamentação, pela confusão de bicos;- Existem alguns exercícios que podem ajudar, procure ajuda profissional;
-Apoio familiar é muito importante, mas acima de tudo, confie em si
mesma e não hesite em procurar ajuda!
-Livre-se dos mitos e empodere-se!
Caroline Scheuer, Enfermeira e mãe.
Dúvidas? Entre em contato AQUI
Caroline Scheuer, Enfermeira e mãe.
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Referência: CARVALHO, ET
AL. Consultoria em
Aleitamento Materno no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Rev HCPA 2007; 27(2)53-6.
Obs: Fotos retiradas do Google.
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