terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

E quando o bebê não pega o peito?

Para a amamentação ter sucesso, é necessário uma a pega correta, uma posição correta.. mas e quando o bebê não quer saber do peito?
 


É comum ouvirmos "o bebê não quis o peito" e estatisticamente falando, esta é uma das grandes causas de insucesso na amamentação, levando ao uso de fórmulas artificiais.  Mas antes de saber a real causa é importante saber que a amamentação culturalmente é rodeada de tabus e maus conselhos. Compreender o processo psicofisiológico da amamentação  requer muitas vezes que a mulher encare destrua alguns paradigmas internos e muitas vezes nem sempre é fácil. A questão da "recusa" do peito não é tão simples. Alguns fatores potenciais justificam e determina a dificuldade em amamentar (que por sua vez, em específico, os que antecedem a recusa do bebê ao peito):


- Falta de conhecimento sobre  amamentação: na fase do pós parto, a dificuldade para compreender o processo como um todo, mesmo quando informada no pré-natal. A maior parte das dificuldades em amamentar decorre do enorme problema que toda mãe tem em adaptar-se às necessidades de um novo bebê.

 - Produção de leite aparentemente inadequada: Hormônios e estruturas anatômicas são imprescindíveis para a produção de leite. No entanto, fatores como sentimento de não ter leite suficiente ou a ansiedade podem interferir diretamente na amamentação.
 
- Características anatômica: Esta é considerada uma das maiores dificuldades encontradas pela mulher para amamentar. Essa situação tem início, muitas vezes, mesmo antes do nascimento do bebê. Algumas mulheres com mamilos planos ou invertidos têm extrema dificuldade para amamentar, enquanto outras, em situação semelhante, conseguem uma adaptação rápida com o seu bebê. O apoio e a intervenção adequados nos primeiros dias, quando a lactação está se estabelecendo, facilitam a pega do bebê ao seio materno. Cada dupla mãe/bebê deve ser avaliada cuidadosamente, e as opções devem ser oferecidas na medida de suas necessidades.
 
Fadiga materna: Muitas vezes, a mulher demonstra estar extremamente cansada nos primeiros dias ou semanas do puerpério. O exercício da maternidade, em especial no que tange à amamentação, pode revelar-se um fardo em conseqüência dos múltiplos papéis desempenhados pela mãe, podendo sobrecarregá-la e gerar conflitos. A mulher merece cuidados especiais nessa fase, tanto da família quanto da equipe de saúde. Cabe aos profissionais que a assistem alertá-la que o repouso adequado é importante para que a amamentação e os cuidados com o bebê não se tornem uma tarefa penosa. A colaboração da família é muito importante e deve ser valorizada.

Alterações no padrão de sucção do recém-nascido: Recém nascidos saudáveis e a termo, ocasionalmente, apresentam movimentos orais atípicos (disfunções orais) durante a mamada. Estes podem ser decorrentes de alterações transitórias do funcionamento oral ou de características individuais que dificultem o encaixe adequado da boca do bebê à mama da mãe. Embora as disfunções orais possam ser revertidas precocemente, as ações entre mãe e bebê nas primeiras mamadas rapidamente se tornam hábitos difíceis de mudar. As disfunções orais podem ser identificadas precocemente mediante avaliação oral do recém nascido e observação minuciosa das mamadas. A avaliação das mamadas deve fazer parte da rotina de atendimento dos profissionais especializados. Aspectos como a interação mãe/filho, bem como o comportamento do bebê, devem ser incluídos tanto na observação quanto na atuação, devido a sua relação com a amamentação.

 Uso de chupetas, mamadeiras: já está comprovado que um dos malefícios da chupetas e mamadeiras é a confusão de bicos. E com frequência acompanho casos, que, da noite para o dia o bebê começa a recusar o peito após o uso destes acessórios.
 

É importante esclarecer à mãe que esse comportamento do bebê não significa uma recusa ao seu peito ou ao seu leite e, sim, uma inabilidade transitória.







 
 A avaliação da recusa da mama deve levar em conta todos os fatores supracitados, entre outros.  Um profissional, seja de um Banco de Leite Humano ou um Consultor em Amamentação, pode ajudar acompanhando a situação individualmente. É importante que o profissional seja altamente capacitado para poder auxiliar com segurança, pois caso contrário, uma má informação pode comprometer a amamentação.


Dicas para o bebê aceitar o peito da mãe:
- Mantenha seu filho o máximo de tempo em seu colo, seu bebê precisa muito de calor, de carinho, o aconchego além de facilitar a simbiose entre mãe e filho, pode facilitar o vínculo na amamentação;

 - Acalme seu bebê antes de oferecer a mama, pode por exemplo, oferecer o dedo para ele sugar (dedo mínimo, unha virada para baixo e polpa virada para o céu da boca);

- Extraia um pouco de leite e ofereça ao bebê, antes de ir ao peito. Já alimentado, será mais fácil a aceitação;
-Aprenda a extrair o seu leite, se caso ainda tenha apenas o colostro (antes da descida do leite), não se preocupe, nos primeiros dias o bebê não necessita de uma quantidade grande de leite, visto que seu estômago é do tamanho de uma azeitona e armazena em torno de 5 a 10ml de leite (que são absorvidos rapidamente e por isso alimenta-se com frequência). Além disso, o bebê tem uma reserva natural de calorias e pode ficar ainda algum tempo sem se alimentar. Veja o vídeo abaixo: 

 
 
- Ofereça o leite em um copinho (é importante conhecer a técnica, procure um profissional para lhe auxiliar caso tenha dúvidas). Veja o vídeo:
 
 
- Extraia leite e passe na aréola, isso vai atraí-lo para a abocanhar o seio;

- Posição e pega correta do mamilo, são essenciais para uma boa aceitação. Se o bebê estiver somente pegando o bico, não sairá leite, e se não for corrigido, ele pode associar o peito a fome e recusá-lo;
 foto Grupo Una
 
- Posicione seu bebê em cima de você, sob seu peito, ele vai instintivamente procurar seu seio, veja:
 
- Não insista caso ele recuse. De forma alguma a amamentação deve ser forçada. Mantenha a calma e alimente-o de outra forma e mais tarde tente novamente;

- Não o deixe chorar de fome para oferecer o peito. Isso só vai deixar o bebê mais irritado ainda;
- Evite chupetas e mamadeira, podem comprometer a amamentação, pela confusão de bicos;



- Existem alguns exercícios que podem ajudar, procure ajuda profissional;

-Apoio familiar é muito importante, mas acima de tudo, confie em si mesma e não hesite em procurar ajuda!
-Livre-se dos mitos e empodere-se!

Caroline Scheuer, Enfermeira e mãe.
Dúvidas? Entre em contato AQUI

 
 
Referência: CARVALHO, ET AL. Consultoria em Aleitamento Materno no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Rev HCPA 2007; 27(2)53-6.
Obs: Fotos retiradas do Google.
 
 
http://amigamaterna.com.br/httpamigamaterna-com-br/
 

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