terça-feira, 27 de outubro de 2015

Relato de Amamentação da Bárbara Puel

Amamentar para mim hoje é um sonho realizado. Eu procurei a Carol já na gestação por indicação da Cris doula, mas foi naqueles primeiros dias de puerpério que ela foi essencial. Na minha família pouquíssimas mulheres conseguiram amamentar, minha mãe não amamentou nenhum dos 3 filhos, porque não teve ajuda e não conseguiu sozinha, mas sempre me incentivou. Sempre achei que amamentar era muito difícil, que seria mais fácil um parto normal do que amamentar pois o parto dura pouco tempo se comparado com a amamentação, e hj acredito que estava certa. O meu sonho era conseguir os dois, parto normal e amamentar, mas, por enquanto consegui só um! Não tem nada mais maravilhoso do que ver um filho crescendo apenas com o meu leite!! Meu bebê sempre mamou muito, ganhou peso super bem apenas mamando exclusivamente nos 6 primeiros meses e livre demanda, sempre acima da curva como dizia o pediatra, o que me deixava muito orgulhosa!!! Até fiquei um pouco deprimida quando iniciei a IA do Rafa, pois ele comeu tão bem logo de cara que diminuiu bastante as mamadas, mamando praticamente só durante a noite agora. Mas não foi essa alegria toda no começo, foi muito difícil, e apenas com a ajuda da Carol consegui esta vitória!

Logo que nasceu o Rafa foi classificado como um bebê GIG (grande para a idade gestacional), e já na sala de recuperação, enquanto eu me recuperava de uma cesariana necessária (foram 19hs de bolsa rota, 12hs de trabalho de parto, 2hs de expulsivo mas não consegui o parto normal) deram glicose para ele receitada pelo pediatra de plantão pois tinham feito exame e a glicose dele estava baixa. E nos 2 dias que eu permaneci na maternidade era aquele perrengue, vieram várias vezes fazer o exame de glicose e começaram a dar complemento na seringa para ele. Somente no quarto é que coloquei ele em contato com o meu peito (na sala de cirurgia e na recuperação ele só ficou deitado comigo) e ele de cara pegou o meu peito super bem, sugava bastante, fiquei muito feliz. Mas nas primeiras 24hs é aquela calmaria, ele só dormiu praticamente, depois é que fomos ver que ele tinha bastante fome. No dia seguinte a Carol que já estava em contato comigo pelo whatsapp veio nos visitar na maternidade, fez toda a avaliação no bebê e na minha mama e nos orientou. Comentei com ela do complemento que estavam dando na seringa mas ela disse que era padrão da maternidade, e que logo meu leite desceria e não seria mais necessário. Porém no segundo dia, ainda não havia descido, ele pegava bem no peito, mas as enfermeiras continuavam dando o complemento na seringa. Antes de sair da maternidade a pediatra veio falar comigo, que meu bebê era grande e tinha fome, e que era pra eu ir pra casa e continuar dando o peito para ele e também o complemento na seringa enquanto o meu leite não descesse. Eu então que já tinha ouvido falar do mamatutti¹ resolvi tentar desta forma, pois pelo menos assim ele mamava no peito, fora que dar na seringa era meio chato, não tínhamos pegado o jeito. Meu marido saiu pra comprar e na primeira tentativa deu certo, assim fomos para casa. Depois de 4 dias meu leite não tinha descido ainda, só no colostro, e o rafa continuava no complemento no mamatutti, eu já dava uns 30ml de 2 em 2 hs, e parecia que ele sempre estava com fome! Chamamos a Carol e naquele dia ela viu que meu leite já tinha descido, mas que era muito pouco, além disso também diagnosticou uma pequena disfunção na pega do Rafa. Então, partimos pro ataque, pra tentar ajustar as coisas. Orientada pela Carol e pelo meu obstetra eu comecei com uma medicação pra aumentar a produção do leite, além de homeopatias indicadas pelo pediatra, massagens na mama, compressas quente, bombinha para ordenhar, e exercícios com o Rafa, com o complemento no copinho, tudo isso junto. Além disso, trocamos o mamatutti por uma sonda especial que a Carol nos emprestou da medella², que era mais fina, o que fazia o Rafa ter mais trabalho para sugar e ficar mais tempo na mama. 
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Exibindo IMG_0437.JPGConfesso que foi muito difícil o que passei, somando as dores da cesárea, o cansaço dos primeiros dias, o período de adaptação, todo esse trabalho para amamentar, realmente foi exaustivo. Várias vezes me questionei se eu teria leite suficiente para saciar meu bebê. Em 24hs a produção já aumentou, mas a demanda do Rafa também. Em uma semana eu já estava dando 60ml de complemento, parecia que eu nunca ia conseguir aumentar a produção o suficiente para suprir a necessidade dele. Com uns 10 dias nós já estávamos dando o complemento na sonda mais fina, e ele já ficava bem mais tempo no peito (com o mamatutti ele ficava uns 10 minutos no peito depois passamos para mamadas de quase 1 hora). 
Aí nesse dia comecei a sentir umas fisgadas e dores no bico do peito, além de um vermelhão, falei com a Carol e ela diagnosticou sapinho no meu seio. Apesar do tratamento, tive isso pelos 3 primeiros meses praticamente, como era leve, os médicos só me deram pomada para passar, e eu andava de peito de fora em casa o dia todo. Bom, com uns 15 dias, eu continuava a dar entre 30 e 60ml de complemento para o Rafa por mamada. Eu estava extremamente triste e cansada, era um saco preparar o complemento colocar a sonda na boca de um bebê faminto junto com o seio e depois esterilizar tudo, era praticamente o trabalho de ter que fazer uma mamadeira com a frustração de não conseguir amamentar por completo. Eu já me questionava se não era hora de desistir e dar mamadeira de vez. Aí falei com a Carol e ela disse, tens que te livrar desse complemento, pra isso deves ordenhar leite entre as mamadas e estocar para usar o teu leite como complemento. Eu juro quase fiquei louca, passei dois dias sem dormir. O Rafa mamava com 1,5hs a 2hs de intervalo, ficava uma hora ou mais mamando, depois disso eu pegava a bombinha e tirava leite, no começo ficava 40 min com a bomba para tirar 15ml, eu dormia sentada com a bombinha no peito. Aí usava esse leite de complemento na próxima mamada e fazia mais um pouco de NAM, era uma loucura!!! Mas em dois dias vi resultado, comecei a tirar 60ml em 15 minutos, aí parei com tudo, disse pro Rafa, agora é só eu e vc, chega de sonda e de complemento, foram mais uns dias para nos adaptarmos, pois sem a sonda o leite saia mais devagar para ele, e claro ele reclamou um pouco, mas acostumou. Uma coisa que a Carol me disse lembro bem, os bebês nessa idade se adaptam e aprendem muito rápido, e o nosso corpo também. Foram 3 semanas de complemento, meu filho tomou uma lata de NAM exatamente, a segunda comprei mas não cheguei a abrir. Depois disso vivemos felizes para sempre.... Na verdade não foi bem assim. Com uns 2 meses, depois da amamentação já estabelecida, ele começou com uma fase de querer mamar o dia todo, provavelmente um pico de desenvolvimento, e num bebê que sempre mamou muito, foi bem difícil, eu realmente estava exausta, não conseguia fazer nada pra mim. É complicado, novamente a Carol me deu muita força e também as mães dos grupos de apoio na internet que já haviam passado por isso, todas falavam que era uma fase e que iria passar, na hora é difícil acreditar, mas realmente passa, e hj sinto saudades de ter ele grudado em mim o tempo todo. 
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Abrindo um parênteses:
Desde os primeiros dias em casa, por conta de toda a demanda dele, eu comecei a amamentar na cama deitada pra conseguir um pouco de sono, e até hj com 8 meses faço cama compartilhada. O Rafa já passou por fases boas de acordar apenas 2 vezes na noite, e nessas eu consegui colocar ele no berço, mas agora já faz um bom tempo ele acorda várias vezes a noite para mamar, 3, 4, 5 vezes e além disso se habituou a pegar no sono e dormir comigo. Eu já fui muito julgada por isso, e realmente eu preferiria que ele dormisse no berço sozinho, mas levantar da cama tantas vezes a noite é impossível pra mim, ainda mais trabalhando de dia como estou agora, portanto resolvi aceitar que ele é assim, que talvez tenha sido sim eu que o acostumei mal, mas desde cedo ele foi um bebê que demandou muito peito, e eu dei sempre que ele quis, e continuo dando. Hj acredito que algum dia ele não vai mais querer mamar a noite, assim como ele não quer mais mamar de dia, e vou poder voltar a ter uma noite de sono mais tranquila. Porém, até esse dia chegar aproveito para ficar com ele grudadinha a noite na nossa cama pois de dia ele já não me quer mais, e não tenho pressa que esse dia chegue pois sei que vou sentir muitas saudades. Para as pessoas que insistem em me julgar acredito que cada um cria o seu filho como acha melhor, e eu crio o meu com muito peito e muito amor! Sim, isso me deixa muito cansada, mas muito grata pelo vínculo afetivo que tenho com ele!

Hoje tenho certeza que informação de qualidade e o apoio de um profissional como a Carol são essenciais para amamentar. Pode ser que para algumas mulheres a amamentação seja natural, mas não foi o meu caso, e o apoio dela e da minha família é que me ajudou a conseguir amamentar meu filho. 

Bárbara Puel. 26/05/2015.



Bárbara, você se mostrou uma guerreira, super focada e muito empoderada! Foi uma honra acompanhar essa história linda de persistência e força tendo aquele gostinho de missão cumprida! Agradeço pela confiança e pelo depoimento com muito carinho!
Um abraço bem forte nessa família linda!

¹Mamatutti é uma sonda que é inserida no peito e outra extremidade em frasco de leite
²Medela, o Supplemental Nursing System é um sistema de nutrição complementar semelhante ao citado acima.
³Sapinho é a forma popular para candidíase

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